sexta-feira, 25 de março de 2011

CRIATIVIDADE SE APRENDE NA ESCOLA



           Na faculdade de Filosofia, estudamos “Lógica”, matéria organizada por Aristóteles (século IV a.C), cujo principal objetivo é pensar corretamente, visando, basicamente, detectar verdades ou falsidades, utilizando premissas para se chegar a um juízo.
           Em 1988, a agencia de propaganda W/Brasil (
Washington Olivetto), ganhou vários prêmios internacionais, inclusive o Leão de Ouro no Festival de Cannes, com um filme extremamente criativo, onde aparece alguns pequenos pontos negros e, à medida que a câmera vai se afastando, novos pontos vão surgindo e formando um retrato, enquanto isto, uma voz fala maravilhas da pessoa retratada... um exemplo perfeito de sofisma, cujo raciocínio partiu de premissas verdadeiras, mas induzindo a uma conclusão absolutamente falsa.

"Obedeça cegamente ao chefe”, "Discordar é ser antipatriótico", "Não pense, marche", Questionar é traição", “Não pense com autonomia, siga nossa corrente de pensamento”, “não decida, deixe que seus superiores decidam por você”

           Foi exatamente com este filme que começamos a reflexão sobre o primeiro governo constitucional de Vargas (1934/37), época em que a influência nazifacista de Hitler e Mussolini se traduziu aqui através da AIB (Ação Integralista Brasileira), fonte inspiradora para o início da Ditadura Vargas (1937/45).
           Liderada por Plínio Salgado, a AIB tinha como lema “Deus, Pátria e Família”, eram antidemocráticos, pregavam um nacionalismo de extrema direita e, fundamentalmente, negavam a pluralidade e a diversidade humana, idealizando uma sociedade homogênea, sem diferenças ou contradições.
           Mais significativo que o fato histórico em si, foi o batepapo decorrente do assunto, quando abordamos temas que variaram do racismo às mais diversas formas de preconceitos, inclusive sobre sofisma, mas, sobretudo, sobre a necessidade de se valorizar e desenvolver a autonomia e a criatividade, sempre sufocada por aqueles que pretendem uma padronização do ser humano e uniformização da sociedade, moldados por fundamentalismos e moralismos ultrapassados, sem nenhuma sintonia com a realidade ou com a essência humana.
           O mundo atravessa uma profunda crise moral e a principal causa é o medo que as pessoas tem de olhar para dentro de si mesmas, e, exatamente por esta superficialidade, cuja principal característica é a negação em se pensar com autonomia, que as levam a deixar que alguém pense por elas, dispensando toda forma de autenticidade, tornado-se presa fácil para os manipuladores, particularmente aqueles que infestam a política e a religião.
           A mediocridade faz com que passem o tempo todo citando e repetindo clichês (se você conversa com um, sabe exatamente o que todos pensam), sufocando em si qualquer pensamento ou atitude original e criativa. Por sentir mais orgulho de seus líderes do que de si mesmas, não fazem outra coisa a não ser imitar e repetir.
           Li outro dia na internet* que é preciso que treinemos a criatividade, que ela é uma habilidade que pode ser totalmente aprendida e estimulada, que todos somos potencialmente criativos, mas por questões educacionais, familiares, sociais ou religiosas, deixamos de exercitá-la.
           Acredito firmemente nas palavras de
Paul Johnson (pg.11), que a “criatividade é a mola do mundo” e as “novas idéias somente emergem onde as pessoas são livres para pensar”, “que todo ato criativo, mesmo quando ele surge de um lampejo, é fruto de muito trabalho, estudo e conhecimento.”
           É nisso que acredito... todo meu esforço acaba sempre indo em direção à criatividade, na perspectiva de que a inovação sempre atraia e traga prazer, que torne tudo mais significativo... para mim e para meus alunos
"Sou da opinião que a criatividade, hoje, é tão importante quanto a alfabetização, e que deveríamos tratá-la com a mesma importância" Ken Robinson

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