terça-feira, 29 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

5 motivos para não se usar microblogues em educação

fev 09 2010 Published by Sergio F. Lima under Móvel, Professores, Reflexão, TICs

Introdução

microbloguesEmbora a “rudimentar rede de conexão social” (segundo Biz Stones), aka twitter, já esteja passando da fase de hype para mainstream entre descolados, moderninhos e céticos de todos os tipos, sempre ocorre um fenômeno comum a vários setores da sociedade, e não seria diferente em Educação:
Virou “moda” ou “fetiche” achar que os microblogues são o grande rei da cocada preta e que o seu uso geral em Educação será/é o grande pulo do gato!
Correndo o risco de parecer mais rabugento do que normalmente sou com esta ferramenta, resolvi escrever os 5 motivos pelos quais *eu*, após experimentá-la intensamente, descarto-a como ferramenta, de uso geral, adequada a uma educação para a Era da Informação e do Conhecimento.
PS: Eu continuarei a usar  um perfil “corporativo” para fins de investigação. Não investigação de usos educativos, que como argumentarei a seguir considero descartado!

Meus 5 motivos

  • Aprendizagem passa necessariamente por reflexão – Quando se está aprendendo algo ou quando se está organizando atividades que potencializem aprendizagens é fundamental que se tenha reflexões e decantação de ideias. Quer seja a reflexão antes de se responder a uma indagação, quer seja a reflexão sobre um novo conceito ou mesmo o tempo necessário para “a ancoragem” com conhecimentos prévios. Incentivar o fluxo contínuo (e irrefletido) de informações contribui muito mais para a produção de ruídos que podem ser nocivos a compreensão de ideias, valores ou conceitos do que se está aprendendo e/ou ensinando.
  • Aprendizagem em rede passa por organização dos fluxos informacionais – A perspectiva sócio-interacionista da aprendizagem reforça a importância das interações e da linguagem nos processos de aprendizagem, entretanto esta perspectiva destaca que “quanto mais ricas as interações, maior e mais sofisticado será o desenvolvimento…” e convenhamos, não poder haver riqueza de interações, no caso geral, com apenas 140 caracteres!
  • Organizar a aprendizagem passa por escolher as ferramentas mais adequadas. – Não se trata aqui de rejeitar ou endeusar ferramentas a priori (como se costuma fazer com o twitter). Mas é papel dos professores comprometidos com o presente e o futuro de seus alunos refletirem criticamente sobre quais ferramentas se adequam a objetivos educacionais e não quais objetivos educacionais se adequam a ferramenta da moda! É possível que em situações bem específicas os microblogues possam ser hackeados para usos educacionais. Mas me parece uma grande temeridade e forçada de barra se usar o twitter no lugar de ferramentas dedicadas e adequadas a fins específicos.
  • Aprendizagem cooperativa não prescinde da mediação daquele que aprende há mais tempo! – Considerando especificamente a realidade do professor brasileiro que atende a uma quantidade enorme de alunos no seu cotidiano docente (no ensino básico, por baixo, um professor atende em média mais de 300 alunos numa estimativa muito otimista!) é realmente coisa de quem não está na sala de aula real acreditar que um professor possa administrar, minimamente bem, o fluxo contínuo de informações (não indexadas e nem sempre contextualizadas com objetivos educacionais previamente organizados) que esta ferramenta possa produzir. Não se enganem, desenvolver a capacidade de gerenciar suas próprias aprendizagens não é favorecida numa ferramenta que incentiva a produção irrefletida e contínua de fluxos informacionais. Receio mesmo que em cursos superiores este fluxo contínuo possa impactar negativamente na habilidade de gerenciar aprendizagens, mesmo numa perspecitiva conectivista de aprendizagem!
  • Aprendizagem requer auto-reflexão – Uma característica importante de quem aprende é perceber sua evolução ou olhar em perspectiva sua capacidade de tratar determinado objeto de aprendizagem. Uma ferramenta que não favorece a indexação do fluxo informacional dificulta este olhar em perspectiva, tão importante no ato de aprender e, mais importante de tudo, de aprender a aprender!

Alternativas

Observando o que se tem proposto para o twitter em contextos educacionais e levando em conta os argumentos acima (especialmente o terceiro) indico abaixo ferramentas que me parecem mais adequadas para o contexto educacional do que os microblogues:

Compartilhamento de Endereços

Aprender em rede e com uso das ferramentas da web 2.0 pode passar muitas vezes pelo compartilhamento de endereços web que sejam úteis para uma comunidade de aprendizagem ou mesmo para um subconjunto desta comunidade. Tão importante quanto compartilhar endereços e aplicativos web é achá-los depois de compartilhados.
Para estes casos no lugar do twitter, que embora até sirva para esta função é péssimo na indexação das informações compartilhadas por conta da sua restrição de 140 caracteres, é muito mais adequado usar um gerenciador social de favoritos (bookmarks).
Delicious pra quem não pode hospedar sua ferramenta e get-boo pra quem pode, são duas opções muito mais efetivas que uma conta no twitter!
Tanto o Delicious quanto o get-boo permitem compartilhar um endereço web (link), etiquetá-lo (“tagueá-lo”), inserir observações e muitas outras coisas que ficam prejudicadas no twitter.
Aqui um exemplo do get-boo aplicado numa comunidade de aprendizagem de física!

Conversas, discussão, projetos, etc

Discussões de projetos, anúncios rápidos ou não, organização de projetos, Brainstorms, aprendizagens diárias e tudo o mais que é proposto neste texto aqui pode ser muito melhor implementado com o bom e infalível blogue! E sim, você também pode fazer isto usando seu dispositivo móvel!
Uma discussão temática num blogue é muito melhor indexada e, do ponto de vista didático, mais organizada que usando microblogues.
A mediação daquele que aprende há mais tempo é facilitada numa ferramenta otimizada para organizar as discussões ou conteúdos por mais de um indexador (data, tag, categoria).
A qualidade de discussão é incomparável quando você não se restringe a 140 caracteres. Repare que a falta de limite técnico aos 140 caracteres não implique que você não trabalhe a concisão dos argumentos dos participantes da comunidade.
E se você escolher adequadamente seu motor de blogue, a escrita no mesmo, pelos vários integrantes da sua comunidade de aprendizagem, pode ser tão simples e otimizada quanto você queira e, possívelmente, até mais familiar do que nos microblogues.
Aqui um exemplo de blogue nesta perspectiva integradora. E aqui um exemplo de motor de blogue otimizado para ser alimentado via e-mail!

Gerenciamento da Inteligência Coletiva

Um dos vários motivos porque microblogues em educação é uma péssima ideia (em minha opinião), numa perspectiva de educar para a Era da Informação e do Conhecimento e não para o século XIX é que os microblogues não gerenciam bem a inteligência coletiva gerada nas interações. Mesmo utilizando-se os seus motores internos de busca avançada, não se consegue ter um ideia de quanto foi discutido, evoluído e produzido de inteligência num determinado coletivo aprendente.
Ao contrário dos microblogues, um gerenciador de listas de discussão (google grupos, yahoo grupos ou MailMan se você pode/quer instalar o seu próprio gerenciador no seu servidor) permite não só que as discussões possam fluir na sua comunidade como se encarrega de gerenciar no melhor estilo “menos é mais” a inteligência coletiva gerada pelas interações da comunidade.
Discutir (rasteiramente) no twitter além de ser um desperdício de tempo não permite que a inteligência coletiva que emerge do grupo possa ser, facilmente, gerenciada!

Interações Síncronas

E se você precisa, por uma demanda pedagógica, de interação síncrona você sempre poderá inserir no seu blogue um widget de chat!
E se o perfil sócio-econômico-tecnológico de sua comunidade permitir, você ainda pode fazer uso de sms para espalhamento (broadcast) de informações urgentes. O maior problema aqui é que o preço praticado pelas operadoras para o uso de sms no Brasil ainda é proibitivo. Mas este problema também atinge o uso dos microblogues mais intensamente em dispositivos móveis!

Uma última observação

Embora nesta altura do campeonato isto já devesse ser óbvio para qualquer pessoa que já tenha entrado no mundo dos adultos, sempre vale a pena relembrar e enfatizar. Não existem absolutos! Algo que falha miseralvelmente pra mim pode funcionar lindamente pra você. E vice-versa!
Tenha isto em mente antes de pegar as pedras :-) E sim, os comentários estão abertos às suas considerações, afinal as conversações são muito melhores com mais de 140 caracteres, com reflexão e, mais importante de tudo, numa interface que organize as várias falas de modo organizado e intuitivo.

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CRIATIVIDADE SE APRENDE NA ESCOLA



           Na faculdade de Filosofia, estudamos “Lógica”, matéria organizada por Aristóteles (século IV a.C), cujo principal objetivo é pensar corretamente, visando, basicamente, detectar verdades ou falsidades, utilizando premissas para se chegar a um juízo.
           Em 1988, a agencia de propaganda W/Brasil (
Washington Olivetto), ganhou vários prêmios internacionais, inclusive o Leão de Ouro no Festival de Cannes, com um filme extremamente criativo, onde aparece alguns pequenos pontos negros e, à medida que a câmera vai se afastando, novos pontos vão surgindo e formando um retrato, enquanto isto, uma voz fala maravilhas da pessoa retratada... um exemplo perfeito de sofisma, cujo raciocínio partiu de premissas verdadeiras, mas induzindo a uma conclusão absolutamente falsa.

"Obedeça cegamente ao chefe”, "Discordar é ser antipatriótico", "Não pense, marche", Questionar é traição", “Não pense com autonomia, siga nossa corrente de pensamento”, “não decida, deixe que seus superiores decidam por você”

           Foi exatamente com este filme que começamos a reflexão sobre o primeiro governo constitucional de Vargas (1934/37), época em que a influência nazifacista de Hitler e Mussolini se traduziu aqui através da AIB (Ação Integralista Brasileira), fonte inspiradora para o início da Ditadura Vargas (1937/45).
           Liderada por Plínio Salgado, a AIB tinha como lema “Deus, Pátria e Família”, eram antidemocráticos, pregavam um nacionalismo de extrema direita e, fundamentalmente, negavam a pluralidade e a diversidade humana, idealizando uma sociedade homogênea, sem diferenças ou contradições.
           Mais significativo que o fato histórico em si, foi o batepapo decorrente do assunto, quando abordamos temas que variaram do racismo às mais diversas formas de preconceitos, inclusive sobre sofisma, mas, sobretudo, sobre a necessidade de se valorizar e desenvolver a autonomia e a criatividade, sempre sufocada por aqueles que pretendem uma padronização do ser humano e uniformização da sociedade, moldados por fundamentalismos e moralismos ultrapassados, sem nenhuma sintonia com a realidade ou com a essência humana.
           O mundo atravessa uma profunda crise moral e a principal causa é o medo que as pessoas tem de olhar para dentro de si mesmas, e, exatamente por esta superficialidade, cuja principal característica é a negação em se pensar com autonomia, que as levam a deixar que alguém pense por elas, dispensando toda forma de autenticidade, tornado-se presa fácil para os manipuladores, particularmente aqueles que infestam a política e a religião.
           A mediocridade faz com que passem o tempo todo citando e repetindo clichês (se você conversa com um, sabe exatamente o que todos pensam), sufocando em si qualquer pensamento ou atitude original e criativa. Por sentir mais orgulho de seus líderes do que de si mesmas, não fazem outra coisa a não ser imitar e repetir.
           Li outro dia na internet* que é preciso que treinemos a criatividade, que ela é uma habilidade que pode ser totalmente aprendida e estimulada, que todos somos potencialmente criativos, mas por questões educacionais, familiares, sociais ou religiosas, deixamos de exercitá-la.
           Acredito firmemente nas palavras de
Paul Johnson (pg.11), que a “criatividade é a mola do mundo” e as “novas idéias somente emergem onde as pessoas são livres para pensar”, “que todo ato criativo, mesmo quando ele surge de um lampejo, é fruto de muito trabalho, estudo e conhecimento.”
           É nisso que acredito... todo meu esforço acaba sempre indo em direção à criatividade, na perspectiva de que a inovação sempre atraia e traga prazer, que torne tudo mais significativo... para mim e para meus alunos
"Sou da opinião que a criatividade, hoje, é tão importante quanto a alfabetização, e que deveríamos tratá-la com a mesma importância" Ken Robinson

O BRASIL NEGRO


Hip Hop fala contra o racismo e a desigualdade social

Muitas das manifestações culturais brasileiras estão identificadas com a população negra. O samba, caboclinho, maracatu, movimento Mangue Beat, capoeira e muitas outras são lembradas como parte da grande contribuição dos negros para a cultura nacional. Dentro dessa diversidade, o movimento Hip Hop tem ganhado cada vez mais destaque no Brasil e atraído muitos jovens, especialmente aqueles que moram nas periferias.

Não é nada fácil entender o Hip Hop, que veio da periferia nova iorquina para o Brasil no final da década de 1980, via indústria fonográfica. É um movimento com várias tendências internas, mas que pauta-se pela denúncia da exclusão social e pela discussão de questões relativas à história e à identidade dos negros.
Formado por três elementos - o rap (música), o break (dança) e o grafite (desenho) - ao chegar no Brasil ele foi influenciado pela cultura local e adquiriu novos traços e novas formas de manifestação. Em parte, por causa da influência cultural local, o Hip Hop brasileiro diferencia-se do norte-americano. "O brasileiro é muito melhor do que o americano, que foi banalizado. Muitos representantes do Hip Hop lá fora se venderam para o sistema. Eles não querem ver o bem do povo deles, eles querem que o seu povo se mate para conseguir um Nike, um carro... No Brasil, o Hip Hop é mais consciente, quer ver o povo melhorar, prega a informação", afirma Cibele Cristiane Rodrigues, militante do movimento.

Cibele e Verônica, militantes do Hip Hop
Fotos: Márcia Tait

Não é à toa que o Hip Hop tem ganhado cada vez mais militantes e mais espaço no Brasil. Segundo Viviane Melo de Mendonça Magro, psicóloga que estuda o movimento no Brasil, com ênfase na questão de gênero, sua popularidade se deve ao fato de ser um movimento enraizado nas experiências de jovens e pessoas que vivem na periferia, além de ser muito organizado. "As histórias do rap são histórias fictícias ou reais de pessoas que vivem na periferia, baseadas na vivência na periferia. Para elas, o Hip Hop é uma forma de resistência e mudança da realidade", conta Viviane Magro.
No Hip Hop brasileiro, exclusão social e preconceito racial são evidenciados
Nos presídios, os rappers são muito populares. Por causa das letras politizadas, que falam da realidade exclusão social e do preconceito de cor, um show de rap dentro de um presídio não é um show qualquer, mas uma manifestação político-social.

Foi isso o que aconteceu em uma visita do famoso rapper Mano Brown, do Racionais MC, em junho de 2003, na Febem do Brás, em São Paulo, mostrando a força do Hip Hop como movimento de emancipação social. Os detentos sabiam todas as letras e se identificaram com as músicas do rapper.

Além de buscar a construção de uma identidade negra, que se posiciona fortemente contra o preconceito de cor, é dada também ênfase ao marginalizado que vive na periferia. "Para o Hip Hop, marginalizado é quem vive na periferia. O que une é a desigualdade social, e a maioria é negra" explica Magro. "Tanto os brancos quanto os negros tem sua auto estima melhorada dentro do movimento e se identificam através da exclusão social. ", complementa.

A militante Rodriguez reforça a idéia de busca por igualdade. "Tentamos nem tocar nesse negócio de negritude, branquitude, essa fita toda, porque o Hip Hop quer atingir uma classe social, é para os desfavorecidos". Entretanto, Cibele salienta que o movimento busca através das várias formas de expressão evidenciar o histórico dos negros no Brasil. "É importante que todos entendam que os negros são excluídos porque foram escravizados".
Hip Hop brasileiro é diferente do norte americano
Apesar de existir uma tendência de apropriação de alguns símbolos de uma cultura negra internacionalizada - como as roupas - dando a impressão de um movimento globalmente mais uniforme, as muitas diferenças que separam brasileiros e norte-americanos ajudam a determinar, no Brasil, um Hip Hop diferenciado. Os próprios militantes brasileiros consideram o Hip Hop nacional como um movimento muito mais crítico e politizado que o norte-americano.

"O break, por exemplo, tem muita semelhança com a capoeira, como já observaram os militantes do Hip Hop norte americano", afirma Magro.
Devido à influência cultural brasileira no movimento, só o Hip Hop brasileiro tem rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafites de cores nitidamente mais vivas. Segundo a pesquisadora, essa mistura com elementos brasileiros é motivo de orgulho para o Hip Hop brasileiro, que tende a uma valorização crescente dos elementos nacionais em um movimento importado dos EUA.

Grafites na cidade de Campinas-SP

Grafites na cidade de Campinas-SP
O samba que influenciou o Hip Hop brasileiro
Toda a música brasileira é influenciada, de uma forma ou de outra, pelo samba, que é definido por alguns historiadores como uma dança típica brasileira originada do batuque africano.

O sambista Bruno Ribeiro, compositor e integrante do Núcleo de Sambistas e Compositores do Cupinzeiro, afirma que o negro é a base do samba brasileiro. "Sem o negro, o samba não existiria. O aparecimento do samba está associado às comunidades negras, sejam na Bahia ou no Rio de Janeiro"

O mistério do samba (Mundo Livre S/A) O samba não é carioca
O samba não é baiano
O samba não é do terreiro
O samba não é africano
O samba não é da colina
O samba não é do salão
O samba não é da avenida
O samba não é carnaval
O samba não é da tv
O samba não é do quintal
Como reza toda tradição
É tudo uma grande invenção
O samba não é emergente
O samba não é da escola
O samba não é fantasia
O samba não é racional
O samba não é da cerveja
O samba não é da mulata
O samba não é playboy
O samba não é liberal
Como reza toda tradição
É tudo uma grande invenção
Não tem mistério
Não é do bicheiro
Não é do malandro
Não é canarinho
Não e verde e rosa
Não é aquarela
Não é bossa nova
Não é silicone
Não é malhação
O samba não é do Gugu
O samba não é Faustão
Não é do Gugu
Não é do Faustão
Sem mistério

Por razões históricas, e da mesma forma que o Hip Hop, o samba ainda é uma manifestação cultural vista com preconceito "Os brancos, a princípio, tratavam o samba como caso de polícia. No começo do século passado, os negros não podiam cantar e dançar dentro de suas casas. Muito negro apanhou de polícia porque o samba era proibido ou severamente reprimido. Era associado à feitiçaria ou à perturbação da ordem pública. Até hoje esse preconceito sobrevive na cabeça da elite brasileira", diz Ribeiro. Como no Hip Hop e em outras manifestações culturais brasileiras, o samba além de negros, tem também muitos brancos, como o genial Noel Rosa "Mas a base de suas referências culturais, contudo, é negra", lembra Bruno. Segundo o sambista, o papel dos negros no samba, atualmente, é muito importante. "É preciso recuperar e preservar sua história dentro do samba, pois a indústria cultural, a partir do momento em que investe na criação de um gênero pop, batizado de "pagode", tira toda a essência que havia no samba para torná-lo palatável a uma classe média consumidora e transformá-lo em mercadoria", adverte. "Creio que o papel do negro, hoje, é estudar o seu passado e defender as suas tradições, negando-se a vender a história de seu povo por promessas de dinheiro e de fama. O papel dos brancos que fazem samba é também lutar em defesa dessa cultura, afinal, somos todos brasileiros e o samba pode ser um grande unificador nacional".
Na opinião de Ribeiro, gêneros musicais como o rap e o samba não são incompatíveis "Se você for em qualquer periferia do Brasil vai ver que os caras que gostam de rap costumam fazer roda de samba no boteco da esquina, quando chega o fim de semana. Não dá para falar em samba apenas como produto musical. O samba é, antes de mais nada, o encontro da comunidade, nasce quando um grupo de pessoas se reúne em torno de uma mesa para cantar e tocar, enfim, para partilhar alegria".
"Eu me organizando posso desorganizar"
Movimentos como o Hip Hop mostram que as formas de expressão cultural no Brasil podem ser usadas na luta contra a discriminação racial e desigualdade social. Por isso, o Hip Hop tem dado muita ênfase para as ações práticas e os militantes têm se organizado nas periferias promovendo oficinas, informando as pessoas e incentivando a luta.

Na opinião da rapper Verônica, do grupo Cabelo Duro, apesar da opinião contrária "e preconceituosa" de sua família sobre o Hip Hop, valeu a pena se integrar ao movimento. "Depois que eu comecei a ser militante percebi o quanto minha vida sempre foi fudida, no sentido literal da palavra.. Mas agora, eu sei que posso lutar para melhorar, agora eu sei que eu tenho muitos direitos e que devo lutar por eles. Por ter entrado no movimento, eu comecei a ter acesso a muitas informações, que pessoas que eu conheço que não são do movimento nunca tiveram. Eu não me vejo melhor do que minhas amigas que seguiram uma vida mais tradicional, mas eu me vejo com mais oportunidades porque tenho mais informação" .
Já dizia Chico Science, também influenciado pelo Hip Hop pernambucano: "eu me organizando posso desorganizar". O Hip Hop se organiza cada vez mais e os seus militantes têm razão quando definem o movimento como uma arma.
Os negros e o samba no Brasil
Segundo Ribeiro, o samba é uma manifestação cultural relativamente recente, pois tornou-se canção popular somente no princípio do século XX. "Na Bahia, ele assumia a forma de canto religioso aliado aos instrumentos de percussão do candomblé. Na época em que os negros baianos desceram para o Rio de Janeiro em busca de trabalho nos portos, foram morar, sobretudo, na região da Central do Brasil, onde foram fundadas as casas das 'tias' baianas - senhoras negras ligadas ao candomblé que faziam encontros religiosos no quintal de casa, e esses encontros eram verdadeiras festas, regadas a comida, cachaça e batucada." Dentre essas "tias" baianas, destacou-se Tia Ciata, que morava na Rua Visconde de Itaúna, 117. Essa casa se tornou reduto de músicos cariocas como Pixinguinha, Donga e Sinhô, entre outros. Foi, provavelmente, dessa convivência do batuque africano com a canção popular, que o samba tal e qual o conhecemos hoje, começou a ser desenhado. Em 1917, tem-se o registro do primeiro samba gravado: "Pelo Telefone", de Donga, freqüentador da Tia Ciata, e do jornalista Mauro de Almeida. "Mas esse samba, embora trouxesse já uma base percusiva, mostrava muita influência do maxixe. A palavra "samba" vem, possivelmente, da palavra "semba", usada para designar a dança de umbigada, trazida pelos escravos" explica o sambista.


(JS)

AULA DE RELIGIÃO;É POSSÍVEL ENSINAR FELICIDADE EM SALA DE AULA?






PARA MEU FILHO FERNANDO FELLIPE ...MEU PRESENTE DE ANIVERSÁRIO:
SÓ FELICIDADES... MUITAS!!!


“... o negócio dos professores é ensinar a felicidade (...) o mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntado sobre sua profissão, os professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta: Sou um pastor da alegria” Rubem Alves


Terminei o último post com a frase de Alexander Neill afirmando que o professor deve ser “o promotor da felicidade em sala de aula”, mas como promover a felicidade sem que antes se faça uma profunda análise sobre o seu verdadeiro significado?
Por causa do carinho da minha querida aluna da sexta série do Colégio José Garcia de Freitas, Lorena Bastos, que exaltou meu ego criando uma comunidade para mim no Orkut, “
Fernandão, o Mágico dos Mágicos” é que comecei a entender com clareza o que Guimarães Rosa quis dizer com “quem quer viver feliz faz mágica”.
Na língua persa, a palavra
"mágica" significa tanto imagem quanto sabedoria, ou seja, e só mesmo através de um mínimo de sabedoria poderemos encontrar o caminho para esta necessidade latente em todo ser humano... a felicidade.
O filósofo catarinense Huberto Rohden* (falei sobre ele
aqui no blog no dia de finados do ano passado), dizia que só um homem autorealizado pode ser feliz, e que esta autorealização só pode ser conseguida pelo autoconhecimento, que na tradução da expressão sânscrita atman, significa o conhecimento de uma verdade interior, do Eu verdadeiro, maiúsculo para dar um caráter divino à alma individual (“vós sois deuses” - Salmo 82:6 e João10:34).
Nenhuma outra frase nos induz mais ao autoconhecimento do que as palavras de Jesus em Lucas 17.21: “O reino de Deus está dentro de nós”, e, só por este viés que entendo plenamente o sentido da palavra felicidade.
Para reforçar este argumento aproveito para falar de um assunto ligado à minha formação acadêmica, resumindo o pensamento de três filósofos que viveram na Grécia antiga e que tinham visões distintas sobre o significado de felicidade: Epicuro, Diogenes e Zenon.

O primeiro deles, Epicuro, tinha uma filosofia muito parecida com o que entendemos por felicidade aqui no ocidente, onde os valores materiais e todos os deleites que o dinheiro pode proporcionar norteiam a vida das pessoas... O Hedonismo, que se fundamentava na concepção de que a felicidade estaria associada a todo tipo prazer (hedoné), valorizando o ego e a sensualidade. Era a filosofia do “ter tudo o que puder ter e gozar tudo que se puder e gozar”.
Já uma outra corrente, exatamente o contrário da primeira, mais identificada com a filosofia oriental, defendia o desapego total aos bens materiais e seu fundador, Diógenes, de Sínope, morava em um velho tonel no mercado de Atenas e seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela, que simbolizavam o desapego e auto-suficiência perante o mundo. Era a filosofia do “não ter”, segundo a qual a felicidade não podia depender de “nada que o mundo pudesse nos tirar e não desejar nada que o mundo não pudesse nos dar"
É famosa a história de Diógenes saindo em plena luz do dia pelo mercado de Atenas, com uma lanterna acesa procurando por homens verdadeiros (ou seja, homens auto-suficientes e virtuosos). Outra história famosa de Diórgenes foi quando Alexandre, o Grande, rei da macedônia ao encontrá-lo tomando sol seminu no mercado de Atenas, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele e que atenderia qualquer pedido que lhe fizesse. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para o Sol, disse: "Não me tires o que não me podes dar!"
A escola de Diógenes, os cínicos, fundada por Antístenes, negava o ego, a individualidade e o apego à matéria. Um exemplo disso, na filosofia oriental, é a vida de Shidarta Gualtama, o Buda, que abandonou todo o luxo em que vivia, o palácio e a família e partiu para o mundo em busca do conhecimento que o libertasse do sofrimento e conduzisse à felicidade ou, na ficção, em Caminho das Índias, a personagem de Lima Duarte,
Shankar, se torna um "renunciante", um Sanyase.
Nestas duas antíteses estão basicamente os dois conceitos principais que se entende por felicidade, a filosofia ocidental e a filosofia oriental, a felicidade baseada no “ter” e a mesma felicidade fundamentada no “não ter”.

Apareceu então uma terceira escola filosófica, a de um grande gênio chamado Zenon, cujo conceito de felicidade não se baseava em objetos ou circunstancias , mostrando que a atitude do homem diante dos objetos é muito mais importante do que o próprio objeto, transferindo a causa da felicidade do “ter” ou do “não ter” (objetos) para o “ser” (sujeito), mostrando, como disse o escritor William Ernest Henley: "o homem é o senhor do seu destino e capitão de sua alma" *, e que nunca vai encontrar a felicidade em
alo-realizações, o oposto da busca por autoconhecimento e autorealizações que, essencialmente, segundo o filósofo catarinense Huberto Rohden , "não diferem do que Jesus ensinou no “Sermão da Montanha”, que nada mais é do que buscar a felicidade dentro de si, cujo 'caminho das pedras', estão cristalinamente indicados em palavras como: 'pobres de espíritos', 'puros de coração', 'os mansos', 'os que sofrem perseguição por causa da justiça', 'os pacificadores', 'os misericordiosos', 'os que choram', 'os que amam os que os odeiam e fazem o bem a quem lhes fazem o mal'.
Mahatma Gandhi, que não era cristão, disse que se perdessem todos os livros sagrados da humanidade, e só salvasse o Sermão da Montanha... nada estaria perdido!"
Se a nossa escola pública não é confessional, então não necessita de aulas específicas de religião , eu, particularmente, prefiro chama-la de aula para "aprender a ser feliz", isto porque existe uma quantidade muito grande de religiões e crenças. e até quem não acredite em nenhuma delas, a questão não é concordar ou não com sua existência, mas a maneira como são ministradas. Deveria “puxar a sardinha para minha brasa” e defender aula de Ética”, já que em Filosofia, Ética está relacionada com o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres neste relacionamento. Certamente alguns educadores estariam preparados para ministrar estas aulas, mas prefiro que este "religare" com a nossa essência divina perpasse por todos os conteúdos e fique ao alcance de todo educador que tenha consciência de sua importância e imite Alexander Neill promovendo-a em sala de aula.

* 30/07/2010: Pensamento que Nelson Mandela citava sempre para si nos 26 anos em que passou na prisão - filme "Invictus" (vi o filme esta semana), penúltimo parágrafo.


SERMÃO DA MONTANHA - Cid Moreira

* ESTA VISÃO CÓSMICA DO EVANGELHO (USANDO O SERMÃO DA MONTANHA) É UMA RELEITURA DO PENSAMENTO ILUMINADO DO FILÓSOFO BRASILEIRO HUBERTO ROHDEN

quinta-feira, 24 de março de 2011

A importância da leitura. LER È PERIGOSO...MUITO PERUGOSO!

A importância da leitura. LER É PERIGOSO...MUITO PERIGOSO!



















A leitura não é um “dom” ou um hábito inato. É um costume adquirido ao longo da formação do indivíduo. Esse processo pode ser iniciado no próprio lar, mas é na escola, com o incentivo dos educadores que ele é reforçado e valorizado.

O hábito da leitura não serve apenas para enriquecer o vocabulário e a cultura do indivíduo. Ele é fundamental também para a compreensão do mundo e de si mesmo. É uma importante e poderosa arma para defender-se das injustiças, daqueles que tentam burlar os seus direitos e também contra as trevas da ignorância.


Quem possui conhecimento detém o poder.

O escriba profissional era uma importante figura nos vários aspectos da administração do antigo Egito — civil, militar e religioso. A maioria dos egípcios não sabia ler e escrever e quando uma pessoa iletrada precisava redigir ou ler um documento, via-se obrigada a pagar o serviço de um escriba. Cerca de 12 anos eram necessários para que alguém estivesse em condições de ler e escrever os cerca de 700 hieróglifos que eram comumente usados no decorrer do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) e os estudos podiam começar aos quatro anos de idade. Muitos exercícios escolares antigos sobreviveram em seu inteiro teor, com correções dos professores, e são geralmente cópias dos clássicos egípcios. Como o papiro era um material caro, os aprendizes praticavam em pedaços planos de pedra calcária, cerâmica, ou madeira emplastrada. Os professores não eram modelos de paciência; um deles exclama: As orelhas de um aluno estão nas costas. Ele só escuta quando nela batem. A máquina administrativa egípcia era formada basicamente por escribas. Eles se encarregavam de organizar e distribuir a produção; de controlar a ordem pública; de supervisionar todo e qualquer tipo de atividade.




Obedeciam a autoridade dos faraós ou dos templos. A habilidade para escrever garantia uma posição superior na sociedade e a possibilidade de progresso na carreira. A subida da escada social não era fácil, mas a profissão de escriba facilitava as realizações do indivíduo. Um texto destinado a instruir os escribas, usado durante o Império Novo, garantia:

"Seja um escriba. Isso lhe salvará da labuta e lhe protegerá de todo tipo de trabalho. Você será poupado de enfrentar a enxada e o alvião, de forma que não terá que carregar cestas. Você ficará livre de manipular o remo e será poupado de todo tipo de sofrimento."

Conhecer a escrita era a chave para toda a erudição daqueles tempos e os escribas se tornaram os depositários da cultura leiga e religiosa e acabaram dominando todas as atividades profissionais, a ponto de ocuparem até os cargos de oficiais do exército durante o Império Novo. Agrônomos, engenheiros, contadores ou sacerdotes, podiam acumular vários cargos e muitos o faziam.

A educação desses homens, feita geralmente em escolas pertencentes aos grandes templos, era bastante austera e, na maioria dos casos, lhes impunha um código moral elevado e bem intencionado. Nota-se em seus escritos um certo desprezo pela plebe e um grande respeito pela ordem social, considerada esta como a perfeita expressão da harmonia universal. Mesmo que evitassem as prevaricações, conforme os princípios que regiam seus serviços, — explica o egiptólogo francês J. Yoyotte — desfrutavam de gratificações proporcionais à sua posição na hierarquia (era ampla a variação dessas remunerações, pelo menos na XII dinastia): doações de terras, salários em mantimentos, benefícios sacerdotais deduzidos dos rendimentos regulares dos templos e das oferendas reais, donativos honoríficos ou presentes funerários recebidos diretamente do soberano. Os mais graduados viviam em grande estilo neste mundo e no outro, e sua riqueza, sem falar de sua influência, dava-lhes poderes de patronagem.

Então concluímos que:

• O domínio do saber é fator determinante para a realização e profissional, além da ascensão social;

• a aquisição do conhecimento passa pelo domínio da linguagem escrita;

• essas verdades são antigas...

Erra aquele que pensa que o domínio da leitura é uma faculdade que atende apenas às necessidades do estudo da Língua Portuguesa. A leitura é um fator primordial para o entendimento de todas as áreas do conhecimento e das ciências, não importando se são exatas, humanas, biomédicas ou que tenham qualquer outra denominação. Aquele que não está habituado a ler, raramente compreende o teor da mensagem que lhe é transmitida de maneira escrita. Incentivar a leitura é dever de todo professor, não importando a sua disciplina.



Esse texto recebi de uma comunidade que participo,não contendo a indicação bibliográfica,mais fica aqui os créditos do possivel autor.

A violência escolar






A violência é hoje uma das principais preocupações da sociedade. Ela atinge a vida e a integridade física das pessoas . É um produto de modelos de desenvolvimento que tem suas raízes na história .

A definição de violência se faz necessária para uma maior compreensão da violência escolar. É uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade. É o atentado direto, físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de outros. Neste sentido Aida Monteiro se expressa " entendemos a violência, enquanto ausência e desrespeito aos direitos do outro"[1]. No estudo realizado pela autora em uma escola, buscou-se perceber a concepção de violência dada pelo corpo docente e discente da instituição.

Para o corpo discente " violência representa agressão física, simbolizada pelo estupro, brigas em família e também a falta de respeito entre as pessoas ". Enquanto que para o corpo docente " a violência, enquanto descumprimento das leis e da falta de condições materiais da população, associando a violência à miséria, à exclusão social e ao desrespeito ao cidadão" .

É importante refletirmos a diferença entre agressividade, crime e violência.

A agressividade é o comportamento adaptativo intenso, ou seja , o indivíduo que é vítima de violência constante têm dificuldade de se relacionar com o próximo e de estabelecer limites porque estes às vezes não foram construídos no âmbito familiar. O sujeito agressivo tem atitudes agressivas para se defender e não é tido como violento. Ele possui "os padrões de educação contrários às normas de convivência e respeito para com o outro ." ABRAMOVAY ; RUA ( 2002) A construção da paz vem se apresentando em diversas áreas e mostra que o impulso agressivo é tão inerente à natureza humana quanto o impulso amoroso; portanto é necessária a canalização daquele para fins construtivos, ou seja, a indignação é aceita porém deve ser utilizada de uma maneira produtiva.

O crime é uma tipificação social e portanto definido socialmente é uma rotulação atribuída a alguém que fez o que reprovamos. " Não reprovamos o ato porque é criminoso. É criminoso porque o reprovamos"(Émile Durkheim).

Violência pode ser também “uma reação conseqüente a um sentimento de ameaça ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas e externas a que está submetida” LEVISKY (1995) apud DIAS;ZENAIDE(2003)

Tipos de violência

A violência que as crianças e os adolescentes exercem , é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles COLOMBIER et al.(1989). A criança reflete na escola as frustrações do seu dia-a- dia.

É neste contexto que destacamos os tipos de violência praticados dentro da escola .

Violência contra o patrimônio - é a violência praticada contra a parte física da escola. " É contra a própria construção que se voltam os pré-adolescentes e os adolescentes , obrigados que são a passar neste local oito ou nove horas por dia." COLOMBIER et al.(1989)

Violência doméstica - é a violência praticada por familiares ou pessoas ligadas diretamente ao convívio diário do adolescente.

Violência simbólica - É a violência que a escola exerce sobre o aluno quando o anula da capacidade de pensar e o torna um ser capaz somente de reproduzir. " A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida ... porque é exercida pela sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de trabalho, quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento da criatividade e de atividades de lazer; quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos; ou quando os professores se recusam a proporcionar explicações suficientes , abandonando os estudantes à sua própria sorte , desvalorizando-os com palavras e atitudes de desmerecimento". (ABRAMOVAY ; RUA , 2002, p.335) a violência simbólica também pode ser contra o professor quando este é agredido em seu trabalho pela indiferença e desinteresse do aluno. ABRAMOVAY ; RUA ( 2002)

Violência física - "Brigar , bater, matar, suicidar, estuprar, roubar, assaltar, tiroteio, espancar, pancadaria, neguinho sangrando, Ter guerra com alguém, andar armado e, também participar das atividades das guangues " ABRAMOVAY et al. (1999)

Os fatores que levam os jovens a praticar atos violentos

São inúmeros os fatores que podem levar uma criança ou um adolescente a um ato delitivo, a seguir, abordaremos os que acreditamos serem os mais relevantes .

A desigualdade social é um dos fatores que levam um jovem a cometer atos violentos. A situação de carência absoluta de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os indivíduos, assim, a pobreza seria geradora de personalidades desruptivas. " A partir desse ... de estar numa posição secundária na sociedade e de possuir menos possibilidades de trabalho, estudo e consumo, porque além de serem pobres se sentem maltratados, vistos como diferentes e inferiores. Por essa razão, as percepções que têm sobre os jovens endinheirados são muito violentas e repletas de ódio..." ABRAMOVAY et al. (1999) é uma forma de castigar à sociedade que não lhe dá oportunidades.

A influência de grupos de referência de valores , crenças e formas de comportamento seria também uma motivação do jovem para cometer crimes.

" o motivo pelo qual os jovens...aderem às gangues é a busca de respostas para suas necessidades humanas básicas, como o sentimento de pertencimento, uma maior identidade, auto-estima e proteção, e a gangue parece ser uma solução para os seus problemas a curto prazo" ABRAMOVAY et al. (1999), assim, o infrator se sente protegido por um grupo no qual tem confiança. " Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dão lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância", (MONTEIRO,2003) a influência das guangues que se aliam ao fracasso da família e da escola. A educação tolerante e permissiva não leva a ética na família. Os pais educam seus filhos e estes crescem achando que podem tudo.


Por:Viviane Avelino
Fonte:http://http//www.meuartigo.brasilescola.com/sociologia/violencia-escolar.htm

Moral e a Ética. Nós e os nossos valores.



“Os conceitos de moral e ética, embora sejam diferentes, são com frequência usados como sinônimos. Aliás, a etimologia dos termos é semelhante: moral vem do latim mos, moris, que significa “maneira de se comportar regulada pelo uso”, daí “costume”, e de moralis, morale, adjetivo referente ao que é “relativo aos costumes”. Ética vem do grego ethos, que tem o mesmo significado de “costume”. Em sentido bem amplo, a moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras do grupo. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral.” (ARANHA; MARTINS, 1993)

Avalie o conceito acima apresentado. Ele esclarece ou deixa dúvidas? Sabemos mais ou menos depois de ler estas palavras? Aprendemos ou simplesmente agregamos mais alguns dados, sem que cheguemos a transformar essa informação em conhecimento? Aliás, qual a diferença entre informação e conhecimento? Saraivada de dúvidas e questionamentos sem fim, a função da filosofia é justamente essa, ou seja, fazer com que nossos neurônios entrem, literalmente, em ebulição...

E um dos temas que normalmente geram dúvidas é a discussão sobre o significado muito aproximado dos termos Moral e Ética. Nesse sentido é imprescindível lembrar que ambos relacionam-se a costumes, como indicado na definição dada pelas professoras Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, em sua já clássica obra “Filosofando – Introdução a Filosofia” (Editora Moderna), e também a valores, contextos, ideias que prevalecem, grupos que dominam...

Inicialmente vale destacar que a colocação de Aranha e Martins é esclarecedora no que tange a delimitação, ainda que a partir de um tracejado que para muitos é de difícil visualização, quanto à diferença entre moral e ética. É ilustrativa também ao nos mostrar que na maior parte do tempo utilizamos o conceito de ética quando deveríamos usar o de moral, já que o segundo refere-se “a maneira de se comportar regulada pelo uso”, enquanto o primeiro, relativo à ética, constitui a ação de análise e reflexão “a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral”.

Na maior parte das circunstâncias da vida real que demandam nossa opinião (e evidentemente, valoração ou emissão de juízos de valor), no atual contexto de globalização - como a crise econômica, a corrupção política, as guerras ou mesmo em situações corriqueiras, do cotidiano, como quando alunos colam ou pessoas furam fila em bancos – nos referimos aos atos que consideramos errados como decorrentes da falta de ética. Deveríamos falar em moral...

Para isso utilizamos como base de raciocínio e análise, os elementos e valores condicionantes culturais de nossa sociedade – tempo e espaço – que prevalecem nos espaços em que estamos inseridos. Por exemplo, condicionante clássico, já plenamente estabelecido e que, há pouco mais de 200 anos seria combatido por expressiva e influente parcela do extrato social dominante, refere-se à ideia de que o “trabalho dignifica e enobrece” enquanto, por outro lado, a ociosidade é um mal, um problema ou mesmo uma chaga social...

Há 200 anos prevalecia, ainda que decadente, a lógica da nobreza, que praticava e advogava em favor do ócio, influenciando fortemente até mesmo sua algoz burguesia, que apesar de estruturar sua ascensão e glória no trabalho e na busca incessante do capital, admirava as pessoas de “sangue azul” e copiava não apenas seus hábitos e modismos, mas também algumas de suas ideias. Entre as quais, por exemplo, a ideia reinante então de que o trabalho, em especial aquele que exigia que se sujassem as mãos, não cabia a pessoas dignas, finas, elegantes...

Ou seja, ao apresentarmos este exemplo queremos demonstrar como nossa compreensão e avaliação moral de acontecimentos e ações que ocorrem ao nosso redor está submetida a fatores e elementos que são condicionadores e que, de certa forma até mesmo nos aprisionam, sem que nem ao menos tenhamos plena consciência disso...

E é nesse momento e a partir desse ensejo, ou seja, da compreensão que nem mesmo nossos pensamentos, ainda que os pensemos livres e independentes de qualquer influência, podem prescindir da ética como elemento de reflexão sobre a moral.

Os conceitos são, portanto, interdependentes se temos a intenção real de pensar com profundidade, superando os limites estreitos a que na maioria das vezes somos submetidos, buscando compreender não apenas guiados pelos valores contextualmente dominantes. Entender as questões e emitir juízos de valor, que percebam a moral dominante, e ir além desses condicionantes culturais, a partir de um exame criterioso e crítico daquilo que está sendo colocado em questão e das respostas que a sociedade normalmente daria, é ir além da moral e, aí sim, pensar eticamente.

Fonte:http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1434